quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Pásalo bien y pare de sufrir...



Há exatos cinco meses eu entrei num avião que mudou o rumo da minha vida. Na bagagem vinha muita ansiedade para o novo que me esperava, receio de não me adaptar a uma nova cultura e muita, mas muita, vontade de voltar ao Brasil com ótimas histórias.

De pronto posso dizer que um sonho foi realizado. O quanto eu quis fazer intercambio poucos sabem. Com aperto no coração continuo dizendo que para o sonho chegar ao seu fim falta menos de um mês. Não que eu esteja me lamentando ou algo assim, pois, é claro, que saudades do Brasil, da família e dos amigos! Mas acho natural sentir esse aperto no peito em saber que algo que você sempre quis e conseguiu está chegando ao seu final. Que duro esses sonhos com data de validade!

Juntando a realidades dos fatos posso dizer que nem todos os meses de Colombia foram só sorrisos, alegrias e bons momentos. Quantas vezes eu já chorei por ter medo de enfrentar algo, quantas vezes eu me senti triste por estar longe de casa e da família, quantas vezes eu tive preguiça de ir ao supermercado e de lavar roupas. Rsrs E tiveram muitas outras “quantas vezes” e muitos momentos pelos quais passei e não desejaria a ninguém mais. Isso tudo, sem exceção, me fez perceber que posso ser forte e dura quando necessário, que manter a calma e ficar calada pode ser, de vez quando, uma solução e quanto ouvir as pessoas fazem bom ao seu coração também.

Algo que me fez muita companhia durante esses dias de intercambio foi a música, o sons, o ritmo. Sempre que me sentia sozinha e com vontade de chorar, colocava alguma música preferida ou alguma nova para ouvir. Quando sentia saudades do Brasil, colocava para ouvir uma Bossa Nova, um MPB, um pagodinho e até um funk de leve.  A música me acompanhou nesses meses e foi uma ótima companhia. Dediquei músicas a pessoas, pensei em algumas quando a escutava, relacionei muitas delas a momentos importantes do intercâmbio.  Ouço uma música e me vem a lembrança do lugar e com quem estava. Posso dizer a quem me perguntar, “quando eu ouço essa música, me lembro de estar com você aqui, nesse tal lugar”.

Outra que desde sempre me acompanha, é a minha inseparável câmera e todas as fotos que consigo com ela. Quando não tenho nada o que fazer, começo a ver algumas fotografias antigas, do início do intercambio, das viagens, das pessoas que já passaram pela Colombia e agora já estão de volta a suas realidades, a seus países de origem. Me dá nostalgia, me dá saudades, me dá vontade de chorar e querer voltar atrás. Mas não, não dá mais. Tudo que eu fiz, tentei ao máximo aproveitar os segundos.

Sinto que esses cinco últimos meses da minha vida foram os meses mais intensos de toda a minha existência. Foram cinco meses bem aproveitados, para ver paisagens incríveis, conhecer lugares e pessoas inesquecíveis. Foram os meses que mais “mix” de emoções eu tive, passando da gargalhada espontânea e incessante ao choro que me perguntava de onde vinham as lágrimas.

Por último, digo que se eu pudesse faria tudo isso de novo! Mudando uma coisinha aqui e outra alí, mas nada muito exagerado. Eu faria tudo e viveria isso tudo de novo, feliz da vida. ;) Como não é possível, as palavras, meus contos, meus textos, me fazem reviver isso tudo. Cada momento que passei e que ficaram em mim, em minhas lembranças, para sempre (e depois de sempre).

Colombia, não quero deixá-la, mas sei que a vida tem que seguir... :’(
Agora é aproveitar mais e mais os dias que ainda me faltam. Intensamente.
"Pásalo bien y pare de sufrir..."

sábado, 12 de janeiro de 2013

Buscando a si

“Não é amor, tão pouco paixão”, dizia a si mesma a menina limpando a maquiagem já borrada no rosto depois de um momento de choro incessante. Tentando se conformar, pensou, “talvez eu só quisesse uma companhia, alguém para conversar sobre o tempo que chove, sobre o novo álbum de uma das bandas favoritas ou último filme que entrou em cartaz no cinema...”. 

Clara sabia que isso já não o tinha mais...nem as conversas, nem a presença que preenchia os vazios de sua rotina e, com toda a certeza que tinha, Clara sabia que buscar isso em Murilo é como querer enxergar o que é invisível aos olhos ou tocar aquilo que é intangível.

Buscou assuntos e desculpas para conversas. Ele não se aproximou, ao contrário, se afastou quanto mais ela o procurava. Ela se cansou de buscar aquilo que ele não podia (leia-se queria) dar. Engana-se quem pensa que Clara exigia muito. A menina só queria um pouco de atenção, um aconchego num domingo à tarde, um beijinho na ponta do nariz quando estivesse triste.

Agora, que já não espera por Murilo, tenta encontrar uma parte de si mesma que durante o percurso se perdeu por algum lugar...


Pensar:
Don't you worry, don't you worry child
See heaven's got a plan for you. ;)


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